terça-feira, 22 de maio de 2007

novidades no Mídia e Política

LEIA NA NOVA EDIÇÃO DO OBSERVATÓRIO MIDIA&POLITICA:

Na ditadura, finalmente a mídia alcança o poder
Victor Gentilli
Na democracia, a mídia perdeu todas. Acreditou que finalmente tomaria o poder na ditadura. Em parte, foi bem sucedida. O que veio depois constitui-se em outra fase de nossa história. Seja na política, seja na configuração e constituição do que podemos chamar de sistema midiático.
Os jornalistas e o Golpe de 1964
João Amado
A atuação da imprensa não foi uniforme durante toda a ditadura. Muitos jornalistas que apoiaram o Golpe, em algum momento depois foram adversários do regime militar. Isto, somado ao interesse de construir a memória da atuação dos jornalistas, permitiu que uma outra versão dos fatos fosse contada. O fato é que a "revolução" tomou rumos que desagradaram até mesmo muitos daqueles que apoiaram o Golpe de 1964. Portanto, ter participado de uma forma ou de outra do movimento que derrubou o Presidente João Goulart, ou ter dado qualquer sustentação ao regime que rompeu com a normalidade constitucional, é uma lembrança que muitos prefeririam apagar da memória – e da história. Afinal, sejamos francos, quem gostaria de ser publicamente responsabilizado por ter ajudado a abrir esta Caixa de Pandora?

A imprensa brasileira e a construção do consenso em torno do golpe
Claudia Jawsnicker
Parte da grande imprensa viria a se constituir na principal portadora da mensagem contra a permanência de Goulart no poder, atuando na construção de um consenso para a intervenção militar. Em editoriais e artigos críticos ao governo federal, publicações como o Jornal do Brasil , O Globo e O Estado de São Paulo combatiam a ameaça do comunismo, criticavam as alianças do governo com líderes de esquerda e procuravam mobilizar a opinião pública para o perigo das reformas políticas do governo. As críticas enfatizavam a "subversão da ordem e o avanço do comunismo", anunciando, em tom alarmista, que "forças políticas comunistas tentariam tomar o poder no país". "Muito se tem suportado este país para que o funcionamento do regime não sofra interrupções, mas agora chegamos a um ponto que seria loucura continuar transgredindo.

Censura como Política de Estado
Octavio Penna Pieranti
O pior da censura não é o seu veto momentâneo, e sim a auto-censura, enraizada na cultura como herdeira do autoritarismo. É ela a responsável por nem sequer questionar-se, por se achar que perguntas e críticas só prejudicarão seus autores. O caráter público que necessariamente deve ter a informação é subjugado a interesses privados e individuais por temor do que possa vir a acontecer. Esse estado de paralisia, decorrente da auto-censura, não é exclusivo do jornalismo, mas é exponencialmente mais grave em uma profissão tão ligada à democracia. E é essa censura que, saindo do Estado, ganhou as empresas e lá sobrevive.

A triste história de Helenira Resende e a memória desalmada
Alzimar Rodrigues Ramalho
Jornalismo tem uma queda especial por efemérides, datas cheias são sempre motivo de retomada. Em 29 de setembro de 2002, 30 anos de morte de guerrilheira Helenira Resende de Souza Nazareth, nenhuma linha na imprensa da cidade de Assis (SP). A explicação: não havia fato novo. 29 de setembro de 2007 também pode ser emblemático: 35 anos de desaparecimento. Quem sabe Helenira mereça alguns segundos no rádio ou na TV, algumas linhas nos jornais impressos ou online. Com ou sem um fato novo. Nenhuma novidade também pode ser notícia. Ou não?
Memórias e percepções do golpe de 1964 na mídia brasileira 1984 e 2004: 20 e 40 anos depois
Michelle Vieira Fernandez e Samantha Albano Amorim
O discurso jornalístico de 1984 permitiu uma maior justificação e legitimação do golpe de 1964 e da ditadura. Embora muito se tenha falado sobre a democracia, as expectativas e promessas existentes em torno desta, os obstáculos que enfrentaria em decorrência do regime militar etc., não se rompeu com a idéia de que a ditadura, ainda que tenha cometido seus excessos, foi benéfica, sobretudo do ponto de vista do desenvolvimento econômico. Em 2004 prevaleceram as discussões acerca das questões da violência e da tortura, praticamente inexistentes em 1984. Portanto, naquele ano, a ditadura passa a ser valorada pela mídia como período de violação dos direitos civis dos cidadãos.
A imprensa nacionalista no Brasil e o golpe de 1964: O periódico O Semanário.
Leonardo Leonidas de Brito
O movimento político militar de 1964 não representou apenas a ruptura da incipiente institucionalidade democrática nascida no Brasil após a queda do Estado Novo. Significou também o silêncio imposto a diversos setores progressistas que passaram a postular, no início dos anos 60, importantes reformas no capitalismo brasileiro. Ele representou a pulverização desta cultura política popular expressa nas páginas de órgãos de imprensa como O Semanário, um jornal combativo, panfletário e que sintetizou muito bem o nacionalismo popular existente no Brasil nas décadas de 50 e 60.

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